Documentos reforçaram pedido de afastamento do presidente da Câmara feito pela PGR nesta quarta-feira. Foram apreendidos documentos de contas correntes dos bancos Julius Baer e Merrill lync.
Dentro do bolso do paletó do presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB/RJ), a Polícia Federal encontrou documentos que reforçam a acusação de que ele vem atuando para pressionar e constranger aqueles que fazem investigação contra ele. Os documentos são boletins de ocorrência policial envolvendo o deputado Fausto Pinato (PRB/SP), que foi indicado e depois destituído do cargo de relator do processo de cassação de Cunha. No meio do processo, Pinato chegou a denunciar ter sofrido ameaças. Para a PGR (Procuradoria-Geral da República), a presença dos boletins parece indicar que Cunha os guardava para, de alguma forma, vir a constranger Pinato caso ele permanecesse como relator do seu caso.
Os documentos foram apreendidos durante as operações de busca e apreensão no âmbito da Operação Catilinárias. Além desses papéis, a Polícia Federal apreendeu, na casa do presidente de Cunha e no escritório do parlamentar, documentos relacionados a contas correntes mantidas por ele no exterior, e papéis relacionados à IMG Academy, que foi frequentada pela mulher de Cunha, Claudia Cruz.
Além disso, durante as buscas realizadas em um imóvel ligado a Lúcio Bolonha Funaro, tido como delator do mensalão e aliado de Cunha, foram encontrados vários extratos bancários com transferências diretas ao presidente da Câmara.
Segundo relatório da PGR, na lista de documentos e itens apreendidos estavam documentos de contas correntes dos bancos Julius Baer e Merrill lync, nos quais Eduardo Cunha mantinha, pelo menos, quatro contas.
O parlamentar afirma que eram contas de trustes, mas a PGR sustenta que Cunha operava diretamente os ativos destas contas. “Os mencionados documentos evidenciam que, de fato, Eduardo Cunha possui contas no exterior, em especial na Suíça”, afirmam os investigadores na medida cautelar que pede o afastamento dele das funções como deputado federal e presidente da Câmara.
Boletins de ocorrência no paletó
Entre os itens que mais chamaram a atenção dos investigadores estão boletins de ocorrência, alguns deles inclusive no paletó de Cunha, relacionados ao deputado Fausto Pinato (PRB/SP). Havia cópia de um boletim feito pelo próprio Pinato após ele ter sido destituído do cargo de relator do processo de cassação contra Cunha, no Conselho de Ética da Câmara. E outro boletim, mais antigo, que diz respeito a um processo que o deputado responde no STF (Supremo Tribunal Federal).
“Esse documento apreendido certamente reforça a suspeita em torno da atuação do Eduardo Cunha para pressionar o então relator do seu processo no Conselho de Ética”, informa a PGR. Um dos boletins de ocorrência é relacionado a uma acusação a que Pinato responde no STF pelo crime de falso testemunho.
“Aqui, o interesse do Eduardo Cunha possivelmente era conhecer a extensão de fatos supostamente desonrosos envolvendo o deputado Fausto Pinato para que pudesse, de alguma maneira, constrangê-lo caso levasse adiante o intento de prejudicar o Eduardo Cunha junto ao Conselho de Ética”, afirma a PGR.
No escritório da residência de Cunha, foram apreendidos dois bilhetes manuscritos sobre a atividade parlamentar da ex-deputada Solange Almeida e até uma pasta com a identificação “Requerimentos de autoria da Dep. Solange Almeida”. Para a PGR, Solange Almeida ingressou com requerimentos na Comissão de Fiscalização e Controle da Câmara, de forma proposital, para que Cunha obtivesse propina da ordem de US$ 5 milhões de Júlio Camargo, então consultor da Toyo-Setal e Mitsui. Fato Online
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