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Com “Mais Médicos”, quilombolas do ES recebem atenção pela primeira vez





População do bairro Jambeiro, em São Mateus, recebe mensalmente a visita da médica cubana. Antes de sua chegada à unidade, pacientes sofriam com a falta de médicos permanentes.
São Mateus é o segundo município mais antigo e sétimo mais populoso do Espírito Santo. Até a segunda metade do século XIX, o porto de São Mateus era uma das principais portas de entrada de escravos negros no Brasil, e, por isso, o município conta com a maior população negra do estado. A formação de quilombos no meio da Mata Atlântica serviu de refúgio e espaço de sobrevivência. Hoje, muitos descendentes permanecem na região, como no caso do bairro Jambeiro, comunidade rural-quilombola que pela primeira vez conta com atendimento médico local, oferecido por uma médica cubana do Programa Mais Médicos.
“Quando a médica chegou aqui, ela viu a dificuldade das pessoas saírem da comunidade para irem até o posto. O Jambeiro é uma comunidade urbana-quilombola, à beira-rio, que fica distante da unidade de saúde, e muita gente não tinha condições de ir até lá. Agora a médica cubana vem aqui uma vez por mês e passa o dia todo atendendo a população na igreja da praça. As pessoas ficam contentes”, afirma Anita Clemente, agente comunitária de saúde.
Além de ter inovado com a visita mensal ao Jambeiro, a médica cubana Yanet Lopez Moreno conta que, quando chegou na unidade, as filas eram imensas: “Tinha gente que chegava cinco horas da manhã, às vezes dormia na fila para conseguir atendimento. Eu não quero isso para os meus pacientes. Eu não quero pessoas dormindo na fila para serem atendidas. Aos poucos eu fui falando que vou ficar aqui o tempo todo, que eles podem contar comigo, e eles foram ficando mais calmos”.
Segundo Rosângela Leite Guedes, gerente da Unidade Sanitária do Litorâneo, o posto atende três micro áreas que são semi rurais e quilombolas. Em uma delas funciona a Associação de Quilombolas da região. “Além dessa visita mensal ao Jambeiro, toda semana a Yanet faz visita domiciliar, então a presença dela está suprindo muito a necessidade da população. Quando ela chegou aqui, só tinha médico na unidade terça e quinta à tarde, e isso inflava as filas na unidade central de pronto atendimento da cidade”, disse.
Mércia Monico Comério de Holanda, secretária de saúde de São Mateus, conta que o município tinha muita dificuldade em reter os profissionais médicos, mesmo com a tentativa do hospital central da cidade de oferecer vagas de residência para médicos da cidade de Colatina, a aproximadamente 160 km de São Mateus. A chegada do Programa Mais Médicos trouxe 19 profissionais para a cidade, sendo 18 médicos cubanos e um brasileiro. “Para nós o Programa foi um avanço enorme, porque nós tínhamos uma alta rotatividade de profissionais na Estratégia de Saúde da Família, e o Mais Médicos resolveu esse problema”.
Profissionais inscritos no Programa Mais Médicos para 2015 já começaram a atuar
Desde o início do mês de março, 3.823 profissionais inscritos na primeira e segunda chamadas do Programa Mais Médicos para 2015 começaram a atuar nos municípios selecionados. O Nordeste foi a região que mais atraiu profissionais: das 1.784 oportunidades ofertadas aos médicos, 1.711 vagas já foram ocupadas.
Segundo o Ministério da Saúde, com a ocupação das 4.146 vagas apontadas pelos municípios no novo edital, em 2015 será garantida a permanência de 18.247 médicos nas unidades básicas de saúde de todo o país, levando assistência para cerca de 63 milhões de pessoas. Serão 4.058 municípios beneficiados, 72,8% de todas as cidades do Brasil, além dos 34 distritos indígenas.
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