Perillo afirmou que nunca disse 'uma só palavra' que não fosse de respeito.
Dilma foi a Goiânia para assinar ordem de serviço para obra de transporte.
O governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), disse nesta quinta-feira (19) à presidente Dilma Rousseff, em Goiânia, que pertence a um partido de oposição, mas que não faz oposição a ela. No ano passado, durante a inauguração de um trecho da ferrovia Norte-Sul, em Anápolis (GO), Perillo já havia se declarado um "admirador" da presidente.
Nesta quinta, Dilma esteve em Goiânia para assinar a ordem de serviço para o ínício das obras do corredor Norte-Sul do BRT, sistema de transporte que prevê corredores exclusivos para ônibus na capital goiana. Na quarta, pesquisa do instituto Datafolha apontou o mais baixo nível de popularidade da presidente desde o primeiro mandato (13% de aprovação e 62% de rejeição). O PSDB de Marconi Perillo é o principal partido de oposição ao governo.
"Sou de um partido que faz oposição à senhora, mas eu, não. Ninguém nunca me ouviu, aqui em Goiás, dizer uma só palavra minha que não fosse de respeito e reconhecimento ao trabalho que vossa excelência fez pelo estado de Goiás", declarou o governador.
Do lado de fora do evento, havia cerca de 20 manifestantes, que protestavam contra o governo federal. Na sede da Prefeitura de Goiânia, onde ocorreu a cerimônia, a presidente foi aplaudida de pé e ovacionada pela plateia, formada por políticos locais, servidores do governo municipal e integrantes da Central Única dos Trabalhadores (CUT). O público entoou o coro "Olê, olê, olê, olá, Dilma, Dilma".
Ao discursar na solenidade, dirigindo-se ao governador, a presidente disse que é preciso respeitar a democracia e que nesse regime todos têm o direito de falar e se manifestar.
“Porém, todos têm de serem ouvidos e por isso peço tolerância. Uma outra questão é o diálogo porque implica que a gente olhe o próximo, aquele com quem dialogamos, como uma pessoa igual a nós. Que a gente tenha a humildade de nos colocar no nível de todos e não nos acharmos nem melhor nem pior que ninguém”, afirmou.
Na última segunda-feira,ao sancionar o novo Código de Processo Civil , em Brasília, um dia depois das manifestações que levaram milhares às ruas em todo o país em protestos contra o governo, Dilma pregou "humildade" e "tolerância" e defendeu "diálogo" com todos os setores da sociedade.
Marconi Perillo disse ter recebido "conselhos" para não participar do evento ao lado da presidente. No discurso, o tucano disse que jamais concordará com "intolerância" e "injustiças" em relação a Dilma e com eventuais ataques para hostilizá-la.
"Venho como governador legitimamente reeleito receber uma presidente legitimamente reeleiita e que terá meu apoio à sua governabilidade", disse o governador. "O Brasil não pode ser vítima da intolerância, desrespeito, não pode ser vítima de minorias que não querem uma democracia onde o republicanismo possa prevalecer", acrescentou.
Perillo disse não se importar com "minorias que desrespeitam as pessoas" e garantiu ter "relações republicanas" com prefeitos de cidades de Goiás que são do PT e do PMDB.
Após a fala de Perillo, Dilma o classificou de "parceiro do governo federal" e afirmou que os caminhos dela e do governador “sempre se encontraram” porque, afirmou, os dois respeitam a democracia e governam para toda a população. No evento, a presidente destacou ainda que a democracia foi conquistada com "muito esforço, dor, prisões e mortes".
“Essa parceria se dá acima das nossas diferentes filiações partidárias. Somos um país – e isso é importante sinalizar –, um país democrático, em que a gente disputa durante a eleição e, acabou a eleição, eleitos – porque que o povo escolheu –, a gente passa a governar para toda a população. Ele [Perillo], para toda a população de Goiás e eu, para toda a população do Brasil”, disse a presidente.
A presidente Dilma Rousseff durante evento em Goiânia ao lado do prefeito de Goiânia, Paulo Garcia (seg. da esq. para a diir.); do governador do estado, Marconi Perillo (quarto da esq. para a dir.); e do ministro das Cidades, Gilberto Kassab (quinto) (Foto: Roberto Stuckert Filho/PR)Filipe Matoso e Luísa GomesDo G1, em Brasília, e do G1 GO
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