A julgar pela pesquisa Datafolha divulgada ontem, o primeiro fato positivo quem produz é a campanha de Dilma, que chegará à nova disputa em ascensão enquanto sua adversária apresenta linha de queda. Na pesquisa, a candidata à reeleição variou três pontos para cima e Marina, três para baixo, ficando os percentuais em 40% a 27%, respectivamente.
Desde as jornadas de junho de 2013, quando milhões de pessoas foram às ruas protestar, e os índices de aprovação de Dilma começaram a cair, que a presidente tem enfrentado uma agenda de vários pontos negativos - se mesmo assim conseguiu manter uma faixa de apoio entre 35% e 40%, e se manter em primeiro lugar na corrida presidencial, isso passa uma imagem de solidez que é um aspecto positivo para começar o segundo turno.
Já Marina terá como fato positivo a adesão da maioria dos eleitores de Aécio Neves (PSDB), elevando os seus índices e equilibrando numericamente a disputa (claro, se daqui até lá o quadro se mantiver estável). Caso a adesão seja anunciada rapidamente, já pode entrar no primeiro dia da propaganda eleitoral de rádio e TV, que começa 48 horas depois de anunciado o resultado do primeiro turno e se prolonga até o próximo dia 24 (a eleição é em 26 de outubro).
A adesão talvez não seja tão automática quanto Marina gostaria. A elevação dos índices de Aécio nessa reta final, e a necessidade de valorizar o apoio dos tucanos, pode levar o PSDB a exigir da candidata do PSB um “acordo programático” em torno de alguns pontos.
Posto isso, começa o jogo. Agora, em igualdade de condições pelo menos no terreno da propaganda eleitoral: cada uma das candidatas terá 10 minutos para o seu programa. Dez em cada 10 analistas colocam este fator como se ele, por si só, fosse capaz de igualar as duas candidaturas. Dizem que, com tempos iguais, Marina poderá responder as críticas que lhe foram feitas, responsáveis por sua queda nas últimas pesquisas. É de bom tom considerar, porém, que a questão não é apenas de tempo - e sim do conteúdo que se utiliza neste tempo. Com 12 anos de governo do PT, Dilma tem um mostruário de coisas realizadas neste período para apresentar, enquanto Marina terá de ficar no abstrato: criticar o que não foi feito como deveria, fazer denúncias, mostrar o que pretende fazer se for eleita e tentar passar a imagem de que representa o melhor para o Brasil.
Depois vêm os palanques estaduais. Os números mostram que aí a candidata petista leva vantagem. O PT de Dilma pode disputar segundo turno em 10 estados, ou ainda eleger quatro no primeiro turno (AL, MG, MS e PI). O PSB de Marina disputa quatro estados e lidera em dois (PE e DF). Vejamos os aliados de cada um: o PMDB está na frente em sete estados e em segundo lugar em outros sete. Já o PSDB é primeiro em quatro (SP, PR, GO e PB) e segundo em três: MT, PA e RO.
Por último, mas não como o menos importante, vem o fator Nordeste. Nas duas últimas eleições presidenciais, o candidato petista sempre aumentou muito seu percentual de votação no segundo turno, na região. Em 2006, Lula passou de 66% no primeiro turno para 77% no segundo. Já em 2010, Dilma foi de 61% no primeiro para 70% no segundo. Não há nenhum indicador de que essa tendência será quebrada (até em Pernambuco Dilma já vence Marina).
No geral, o desafio de cada uma delas será manter os votos conquistados e procurar ampliar sua votação. A manutenção dos votos obtidos não é algo automático - o segundo turno é o espaço onde mais se vê o eleitor vira-casaca. A eleição presidencial mais emblemática disso foi a de 2006, vencida por Lula contra Geraldo Alckmin. O petista virou a eleição em quatro estados e em nada menos que 912 municípios. Aí o (e)leitor desconfiado vai dizer: “Ah, isso só acontece no Nordeste”. Não, amigo. A virada foi nacional: em 361 municípios do Sudeste, em 267 do Sul, em 154 do Centro-Oeste, em 67 do Nordeste e em 63 do Norte.
Nos próximos dias vocês vão ouvir muitas vezes que o segundo turno “é outra eleição”. Não duvidem. Ainda que o resultado do segundo turno repita o do primeiro, acreditem: foi outra eleição que ocorreu.
Desde as jornadas de junho de 2013, quando milhões de pessoas foram às ruas protestar, e os índices de aprovação de Dilma começaram a cair, que a presidente tem enfrentado uma agenda de vários pontos negativos - se mesmo assim conseguiu manter uma faixa de apoio entre 35% e 40%, e se manter em primeiro lugar na corrida presidencial, isso passa uma imagem de solidez que é um aspecto positivo para começar o segundo turno.
Já Marina terá como fato positivo a adesão da maioria dos eleitores de Aécio Neves (PSDB), elevando os seus índices e equilibrando numericamente a disputa (claro, se daqui até lá o quadro se mantiver estável). Caso a adesão seja anunciada rapidamente, já pode entrar no primeiro dia da propaganda eleitoral de rádio e TV, que começa 48 horas depois de anunciado o resultado do primeiro turno e se prolonga até o próximo dia 24 (a eleição é em 26 de outubro).
A adesão talvez não seja tão automática quanto Marina gostaria. A elevação dos índices de Aécio nessa reta final, e a necessidade de valorizar o apoio dos tucanos, pode levar o PSDB a exigir da candidata do PSB um “acordo programático” em torno de alguns pontos.
Posto isso, começa o jogo. Agora, em igualdade de condições pelo menos no terreno da propaganda eleitoral: cada uma das candidatas terá 10 minutos para o seu programa. Dez em cada 10 analistas colocam este fator como se ele, por si só, fosse capaz de igualar as duas candidaturas. Dizem que, com tempos iguais, Marina poderá responder as críticas que lhe foram feitas, responsáveis por sua queda nas últimas pesquisas. É de bom tom considerar, porém, que a questão não é apenas de tempo - e sim do conteúdo que se utiliza neste tempo. Com 12 anos de governo do PT, Dilma tem um mostruário de coisas realizadas neste período para apresentar, enquanto Marina terá de ficar no abstrato: criticar o que não foi feito como deveria, fazer denúncias, mostrar o que pretende fazer se for eleita e tentar passar a imagem de que representa o melhor para o Brasil.
Depois vêm os palanques estaduais. Os números mostram que aí a candidata petista leva vantagem. O PT de Dilma pode disputar segundo turno em 10 estados, ou ainda eleger quatro no primeiro turno (AL, MG, MS e PI). O PSB de Marina disputa quatro estados e lidera em dois (PE e DF). Vejamos os aliados de cada um: o PMDB está na frente em sete estados e em segundo lugar em outros sete. Já o PSDB é primeiro em quatro (SP, PR, GO e PB) e segundo em três: MT, PA e RO.
Por último, mas não como o menos importante, vem o fator Nordeste. Nas duas últimas eleições presidenciais, o candidato petista sempre aumentou muito seu percentual de votação no segundo turno, na região. Em 2006, Lula passou de 66% no primeiro turno para 77% no segundo. Já em 2010, Dilma foi de 61% no primeiro para 70% no segundo. Não há nenhum indicador de que essa tendência será quebrada (até em Pernambuco Dilma já vence Marina).
No geral, o desafio de cada uma delas será manter os votos conquistados e procurar ampliar sua votação. A manutenção dos votos obtidos não é algo automático - o segundo turno é o espaço onde mais se vê o eleitor vira-casaca. A eleição presidencial mais emblemática disso foi a de 2006, vencida por Lula contra Geraldo Alckmin. O petista virou a eleição em quatro estados e em nada menos que 912 municípios. Aí o (e)leitor desconfiado vai dizer: “Ah, isso só acontece no Nordeste”. Não, amigo. A virada foi nacional: em 361 municípios do Sudeste, em 267 do Sul, em 154 do Centro-Oeste, em 67 do Nordeste e em 63 do Norte.
Nos próximos dias vocês vão ouvir muitas vezes que o segundo turno “é outra eleição”. Não duvidem. Ainda que o resultado do segundo turno repita o do primeiro, acreditem: foi outra eleição que ocorreu.
DIÁRIO DE PERNAMBUCO
por Vandeck Santiago
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