Vereadora discursou em resposta às declarações de um outro parlamentar que afirmou que mulheres que tentam se casar sem calcinha deveriam “ganhar uma surra de couro cru e um banho de sal”
Vereadora Lucimara Passos (PCdoB) de Aracaju (Foto: Acrisio Siqueira / CM de Aracaju)
Um fato inusitado marcou a sessão da Câmara Municipal de Aracaju (SE) na última terça-feira, quando uma vereadora resolveu mostrar a própria calcinha para os colegas em um protesto pedindo o fim da violência contra a mulher. O ato ocorre durante o discurso da vereadora Lucimara Passos (PCdoB) na sessão que debatia justamente a violência contras as mulheres.
“Vereador, eu vim trabalhar com um vestido mais curto. Eu, inclusive, trouxe a minha calcinha em meu bolso. Alguém pode me chamar de vagabunda? Alguém pode dizer que tenho de ser surrada?”, questionou.
A atitude da vereadora, segundo ela, foi em resposta a um discurso feito na semana anterior pelo colega Agamenon Sobra (PP), que comentou uma notícia sobre uma noiva que teria sido impedida pelo padre de se casar por não estar usando calcinha. “Concordo plenamente com este padre. Ele deveria dar uma surra nela, mandava dar uma surra e um banho de sal. Vagabunda. Como ela vai à igreja para casar sem calcinha e ainda com um vestido transparente?!”, disse o vereador na ocasião.
Citando estas declarações, Lucimara Passos condenou o colega ao falar de homens que batem em mulheres ou incitam este tipo de violência. “Triste é saber que nós, enquanto legisladores, tivemos o desprazer de ouvir dentro dessa Casa Legislativa, um vereador estimular a violência, como fez o vereador Agamenon na semana passada, quando utilizou o espaço da Tribuna para rotular uma mulher de vagabunda e condená-la a uma surra por estar sem calcinha no seu casamento. Repetiu várias vezes que a mulher deveria ser surrada por ser vagabunda. Este foi um ato criminoso que merece punição”, disse em tom de crítica.
Segundo ela, a Câmara Municipal de Aracaju relevou as declarações de Agamenon e pediu investigação por quebra de decoro. “Na minha opinião, a Casa fechou os olhos e tornou-se conivente com os crimes que o vereador já cometeu utilizando a Tribuna, ao não julgar os pedidos de quebra de decoro. Essa Casa Legislativa não pode proceder dessa maneira, com ato criminoso”, ressaltou.
Segundo o SETV, o vereador Agamenon Sobral falou, na manhã de ontem, que em seu discurso ele se referia apenas à jovem que foi se casar sem a peça íntima e que não quis atingir todas as mulheres. Ele achou o ato da jovem um desrespeito à igreja.
Terra
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