O Ceará resistiu às intempéries e carnavalizou. Em Fortaleza, blocos uniram forças e, mesmo sem apoio público, fizeram a festa nas ruasFoi como uma coreografia de frevo. O Carnaval cearense pegou emprestado passos da dança pernambucana e cambaleou. A falta de dinheiro e a presença da seca ameaçaram o compasso. A festa chegou a dobrar as pernas, quase indo ao chão, mas se ergueu. Sorrindo e feita por muitas mãos, conseguiu agitar o Ceará. Fez-se o Carnaval nas ruas.
Em Fortaleza, se o recurso da Prefeitura não chegou a todos, o empenho e a alegria populares conseguiram dar para a cidade uma festa múltipla e colorida. Porque ninguém quer deixar morrer o espetáculo que faz o local e seu povo se entenderem e se abraçarem. E aí surgiram fantasias criativas, danças, ruas fechadas por serpentina e confete.
O Carnaval na Capital foi resistente. Que o digam os organizadores dos blocos Luxo da Aldeia e Num Ispaia Sinão Ienche. Apesar da tradição e da força popular, eles cobraram apoio (financeiro ou estrutural) municipal. No Num Ispaia, que ocupou a frente do Bar da Mocinha, a festa se reinventou com o dinheiro reunido pelos que queriam noites de festa. E deu certo: a rua ficou tomada de gente empenhada em fazer folia.
No Luxo da Aldeia, também foi a soma de esforços de foliões que fez a banda tocar no bar Mambembe, na Praia de Iracema. As definições sobre dia-local-hora de apresentações só ganharam o mundo graças a compartilhamentos nas redes sociais, já na sexta-feira à tarde. O percurso Mercado dos Pinhões-Praia de Iracema ganhou suporte do pré-carnavalesco Concentra Mas Não Sai, que, tocando marchinhas, fez dezenas de pessoas encararem o sol do meio-dia para ser Carnaval. Foi bonito ver a força coletiva para fazer a festa acontecer em Fortaleza.
Esses blocos de rua viveram, em 2014, a força já conhecida por quem faz o Carnaval da avenida Domingos Olímpio. Porque haja resistência e amizade para ser maracatu, afoxé, escola de samba.
“O maracatu veio por conta própria, não está usando um real da Prefeitura, que pagou em cheque na sexta à tarde (1º). Só vamos ver o dinheiro uma semana depois do Carnaval. Só peço que, em 2015, o repasse seja feito com pelo menos um mês de antecedência”, frisou o organizador de pista do Maracatu Nação Pici, Ronaldo Marques.
“O Carnaval passa pelo poder público para se consolidar. Ele precisa dialogar e dar condições, ceder espaços, autarquia de trânsito e Polícia. Nós queremos ter apoio”, reivindica Tiago Porto, integrante do bloco Luxo da Aldeia. (colaboraram Mariana Freire e Paulo Renato Abreu)
NOTA DA REPÓRTER
10 povo faz a festa
O fortalezense mostrou que sabe se unir para festejar. A força coletiva e a alegria, que foram a cara do Carnaval da cidade, deveriam voltar à tona em outros momentos.
A MÚSICA
Lagarta de Fogo
“Brincar com o Dragão
É o chinês do Sertão
Fantasiar até desacordar
Lagarta de Fogo Lagarta Pintada Boca de Forno”
NOTA DA REPÓRTER
10 povo faz a festa
O fortalezense mostrou que sabe se unir para festejar. A força coletiva e a alegria, que foram a cara do Carnaval da cidade, deveriam voltar à tona em outros momentos.
A MÚSICA
Lagarta de Fogo
“Brincar com o Dragão
É o chinês do Sertão
Fantasiar até desacordar
Lagarta de Fogo Lagarta Pintada Boca de Forno”
FOI BEM
FantasiasOs foliões capricharam nas fantasias nos blocos pela Capital. Eles apostaram na criatividade, o que deixou a festa mais bonita
nos blocos.
nos blocos.
FOI MAL
Espuminha
No Sanatório Geral, a brincadeira com sprays de espuma provocou reclamação de muitos foliões. Até a banda pediu para parar.
14 maracatus desfilaram na avenida Domingos Olímpio no domingo de Carnaval
No Sanatório Geral, a brincadeira com sprays de espuma provocou reclamação de muitos foliões. Até a banda pediu para parar.
14 maracatus desfilaram na avenida Domingos Olímpio no domingo de Carnaval
FANTASIA EM DESTAQUE
“A Copa fica ali, perto da sala de estar”
O cartaz segurado pelo analista de sistemas Roberto Pires, 35, dava conta de que Copa ia acontecer. Com um apartamento desenhado no cartaz, ele - que estava vestido de Dilma - dizia: “A copa fica ali, perto da sala de estar. Tem até home theater, porque o negócio é chique”.
CULTURA
Secretário admite mudanças para 2015“Tudo que estava previsto (pela Prefeitura) foi exatamente executado”. A avaliação do Carnaval 2014 da cidade é do secretário da Cultura de Fortaleza, Magela Lima. Ele frisa que nenhuma ação foi cancelada ou deixou de ser paga - mesmo admitindo que o pagamento do edital que contemplou as agremiações que desfilaram na Domingos Olímpio foi feito “de forma tardia”.
Segundo ele, “ninguém foi pego de surpresa”, já que a programação de todo o Ciclo Carnavalesco foi divulgada ainda em janeiro e os editais da Prefeitura não contemplavam blocos de rua no Carnaval. “Havia edital de Pré-Carnaval e edital para as agremiações de Carnaval”, pontua.
Por causa da demanda criada especialmente pelos blocos Luxo da Aldeia e Num Ispaia Sinão Ienche, o esquema deve ser reavaliado - ouvindo, inclusive, quem está “na linha de frente do Carnaval”, diz o secretário. Ele garante, porém, que o Num Ispaia teve suporte estrutural oferecido pelo Município.
“Aos blocos não interessa só começar mais cedo. Eles querem sair mais tarde. Talvez os editais pra 2015 tenham que contemplar também o período carnavalesco para os blocos de rua”, considera Magela Lima. (Mariana Lazari)Fonte:http://www.opovo.com.br Por: Mariana Lazari
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