Por sua posição estratégica, à entrada da
baía de Todos os Santos, e por ali se refugiarem barcos inimigos e contrabandistas, o Governador
Diogo Luís de Oliveira determinou em
1631 a construção de um forte em
Morro de São Paulo, ampliado em
1730, transformando-se em uma das maiores fortificações da costa, com 678
m de cortina. Os holandeses, antes de atacarem
Salvador, em
1624, estiveram em
Morro de São Paulo e utilizaram o seu canal como tocaia para atacar navios lusos, entre os quais um barco jesuíta que vinha de São Vicente, conduzindo 15 religiosos da Companhia e outros de outras Ordens. Um ano mais tarde, ali se refugiou a numerosa armada de
Boudewijn Hendriczzood que, ao ter conhecimento da retomada de Salvador pelos espanhóis e portugueses, rumou para o Norte.
Os holandeses fizeram outras tentativas para retomar Salvador, mas todas sem sucesso, principalmente, após a construção do
Forte de São Marcelo em ponto estratégico da
Baía de Todos os Santos não há registros de invasões de estrangeiros. Com isso, a
Bahia se tornou uma referência em resistência na
Colônia, em especial, aos holandeses que dominaram com sucesso
Recife.
Enquanto estiveram em
Recife, os holandeses não deixaram de rondar a costa baiana, atacando
Caravelas (
1636),
Camamu e
Ilhéus (
1637), mas todas as tentaivas sem sucesso. Os ataques provocaram a construção em Camamu, em
1649, do
forte de Nossa Senhora das Graças, com quatro
baluartes, reedificado entre
1694/
1702 e, possivelmente, a construção do
forte de São Sebastião em
Ilhéus, pois documento de
1724 já o assinala sobre um monte.
A economia do litoral foi
extrativista. A princípio,
pau-brasil, valorizado na
Europa como pau de tinta e disputado por comerciantes portugueses, contrabandistas e piratas. Depois, incluíram-se na pauta de exportação e contrabando madeiras para a construção naval e civil, cortadas entre
Ilhéus e
Valença. Em
1722, os jesuítas do Colégio da Bahia instalaram uma serraria hidráulica em Camamu à qual se somavam mais duas de terceiros, no final do século. No imposto extorquido para a reconstrução de
Lisboa, após o terremoto, a vila pagaria sua contribuição com madeira e farinha de mandioca. Desde a coroação de
Dom José I, em
1750, e a nomeação do conde de Oeiras, futuro
Marquês de Pombal como primeiro-ministro, havia-se inaugurado uma política mais atuante com relação ao Brasil e, em particular, à
Bahia.
Pela Carta Régia datada de
1755, decidiu-se transformar em vilas as missões jesuíticas, com a intenção de afastar os índios da influência dos padres. São criadas as vilas de
Prado (
1755), antiga Aldeia de Jucururu;
Alcobaça (
1755), com território desmembrado de
Caravelas; Nova Santarém (
1758), antiga aldeia de São Miguel e Santo André de Serinhaém, atual cidade de
Ituberá;
Barcelos (
1758), ex-aldeia de Nossa Senhora das Candeias, emancipada de
Camamu;
Troncoso (
1759), ex-aldeia de S. João Batista dos Índios;
Vale Verde (
1759), antiga Aldeia do Espírito Santo;
Maraú (1761), ex-Aldeia de S. Sebastião de Maraú.
Por solicitação de Dom
Marcos de Noronha,
Conde dos Arcos, e através de Provisão do Conselho Ultramarino de
4 de março de
1761,
D. José I ordenou ao ouvidor da Comarca da Bahia, Desembargador Luís Freire Veras, que tomasse posse da
Capitania dos Ilhéus para a Coroa. Igual providência foi adotada com relação à
Capitania de Porto Seguro, transformando-se as duas em comarcas. Estas medidas estavam relacionadas com a preocupação do Governo Geral em controlar o contrabando no litoral sul e proteger as populações da região de Cairu e Camamu, centros de abastecimento da capital, contra os freqüentes ataques dos
Guerens, que voltaram a atacar, no período entre 1749 e 1755. Foram elevadas a vila a Aldeia de
Belmonte (
1765); a missão de N. S. da Escada, com o nome de
Nova Olivença (
1768), em Ilhéus; o povoado de Campinhos (
1720), com a denominação de
Vila Viçosa (
1768) e a Aldeia do Mucuri, com o nome de São José de Porto Alegre (
1769), atual cidade de
Mucuri. Três destes municípios foram supressos nas três primeiras décadas do século atual: Vila Verde, Trancoso e Barcelos. Com a mudança da capital do país para o
Rio de Janeiro, o Governo da Bahia ordenou em
1777 ao Ouvidor de
Porto Seguro criar paradas de correio, vilas e povoações entre Salvador e
Espírito Santo, mas pouca coisa se fez. No fim do
século XVIII, a Povoação de Amparo, à margem do
rio Una, foi levada a vila com o nome de Valença (
1799), sendo seu território desmembrado de
Cairu.
De nada valeu o protesto de Silva Lisboa, juiz conservador das matas, em
1779, contra a devastação da Mata Atlântica. Ainda no início do
século XIX o inglês
Thomas Lindley seria preso em
Porto Seguro por contrabando de
pau-brasil, cujo comércio foi monopólio do Estado até
1859.
Na
Baía de Tinharé, cessados os ataques indígenas, os colonos refugiados na
Ilha de Boipeba voltaram ao continente. Em
1811,
Boipeba chegou a tal ruína que perdeu sua condição de vila para o povoado de
Jequié, em terra firme, que recebeu o nome de Vila Nova de Boipeba, hoje
Nilo Peçanha. Por sua vez, a Vila de Nova Boipeba perdia, em
1847, o foro de vila para
Taperoá, uma povoação surgida em torno a uma capela jesuítica que, em
1637, pertencia à Freguesia de Cairu.
Nova Boipeba foi restaurada, em
1873, com território desmembrado de
Taperoá. Todos os demais municípios do litoral sul foram criados no
século XX.
Bandeira da Conjuração Baiana. As cores da bandeira do movimento (
azul,
branca e
vermelha) são até hoje as cores da Bahia.
As lutas pela emancipação tiveram início ainda em
1821, em conflitos que foram dos pequenos motins à conflagração entre as tropas portuguesas e os "
brasileiros" - bem antes que
D. Pedro I proclamasse a
Independência do Brasil. E, quando esta ocorre, já na Bahia estava formado um
governo provisório, na Vila de
Cachoeira, sob o comando do santo-amarense
Miguel Calmon du Pin e Almeida, conhecido como "Marquês de Abrantes". As batalhas sangrentas contra as tropas lusitanas sediadas em Salvador foram diversas, contando os baianos então com o apoio do povo de toda a Província em batalhões que contavam com a participação de voluntários, como
Maria Quitéria e
Major Silva Castro e muitos outros, reverenciados como heróis no Estado.
Num primeiro momento o Imperador não manifestou seu apoio às lutas, mas finalmente enviou reforços à Bahia - que de outro modo teria permanecido colônia portuguesa. A
2 de Julho de
1823, finalmente, os brasileiros entram vitoriosos na capital, selando de modo definitivo a
independência da Bahia de Portugal, tornando-se parte da nova nação brasileira.
- Visite a Bahia. História da Bahia: Descobrimento. Acessado em 26 de janeiro de 2007.
- Visite a Bahia. História da Bahia: Capitanias Hereditárias. Acessado em 26 e 29 de janeiro de 2007.
- SILVA, Flávio Caetano da. História da Bahia Em Quadrinhos, Casa da Qualidade, 2007 (ISBN 9788585651431)
- TAVARES, Luís Henrique Dias. História da Bahia, UNESP-EDUFBA, São Paulo - Salvador, 10ª ed (revista e ampliada), 3ª tiragem, 2006 - UNESP (ISBN 85-7139-370-2) EDUFBA (ISBN 85-232-0239-0).
- MELLO, Agenor Bandeira de. BATALHA, Sílvio. Cartilha Histórica da Bahia - registro político do estado, 5ª ed., s/editora, Salvador, 1990.
Referências