Depois de um fim de semana turbulento para as operações da Visa, a empresa está novamente operando com capacidade total. Na sexta-feira, alguns servidores da operadora de cartão de crédito caíram, e pagamentos foram suspensos na Europa e Reino Unido.
A companhia não deu mais detalhes sobre a pane, mas assegurou que não é nada relacionado a ataques hackers. De acordo com um representante da Visa, “o problema está relacionado a uma falha de hardware. Não temos razões para acreditar que isso seja resultado de um evento malicioso”.
A interrupção nos serviços causou caos entre os consumidores. Em muitos casos, pessoas que só possuíam cartões Visa se viram sem opção para pagar por gasolina ou comida, para não falar da situação das pessoas em restaurantes que não tinham como pagar a conta. Um representante do Banco da Inglaterra disse que “não existe um bom momento para um sistema de pagamentos cair, mas uma sexta à tarde, quando muitos estão saindo de seus trabalhos e indo para casa, deve estar entre os piores”.
Apesar de não ser possível pagar com o cartão de crédito, a função de saque em caixas eletrônicos ainda estava disponível. Isso levou a filas gigantescas em vários pontos.

A Visa e o Blockchain

A rede de pagamentos da Visa opera mais de 18 bilhões de pagamentos por ano, com picos de 2000 transações por segundo. Para processar todos esses pagamentos, a Visa conta com servidores centralizados, que possuem um ponto único de falha. O que pode levar a problemas como o que vimos esse fim de semana.
O blockchain, tecnologia por trás do Bitcoin, opera de forma descentralizada. Quanto mais pontos se conectam à rede, mais difícil de derrubar ela se torna. O blockchain do Bitcoin hoje conta com aproximadamente 6 milhões de tera hashes por segundo. Isso é o equivalente a dezenas de milhões de computadores funcionando simultaneamente, o que consome o mesmo nível de energia que toda a Suíça. Esse poder computacional torna um ataque de força bruta praticamente impossível.
Se a segurança é tão maior, por que a Visa não usa o blockchain? A resposta está na escalabilidade. Atualmente a rede Bitcoin processa cerca de 7 transações por segundo, enquanto a Ethereum processa 20. A rede requer que a maior parte dos participantes aceite as transações como válidas, o que pode levar a uma longa fila de espera. Em dezembro de 2017, pico de volume, usuários de Bitcoin chegaram a esperar 4 dias para ter a transação aprovada.
A tecnologia está em sua infância, e ainda precisa de melhorias, mas o futuro parece ser do blockchain. Vários projetos estão procurando resolver o problema da velocidade. O Bitcoin Cash, produto de um hard fork do Bitcoin, aumentou o tamanho do bloco para 8MB. Isso levou a rede para quase 70 transações por segundo. O Projeto Lightining, do Bitcoin, procura transferir algumas transações para fora do blockchain, para que apenas seu saldo seja compensado lá. A EOS está criando um blockchain que suporta milhões de transações por segundo.
Alguns são contra as criptomoedas, afirmando que são mecanismo para crimes financeiros. Outros são absolutamente a favor. Contudo, não é preciso estar em nenhum desses campos para reconhecer o valor das criptomoedas, e o fato de que elas estão se preparando para competir com as finanças tradicionais.